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Mostrando postagens de setembro, 2010

Menino Danado

Hoje vi no youtube o vídeo de um menino. Bonito o danado. Além de tudo. Não há Safo que não goste de meninos bonitos, danados e profundos. Fiquei admirada que um casal de seres humanos tivesse produzido um adolescente daqueles. Bom aproveitamento de material genético, sempre me comove. Pensei logo em encaminhar para minhas sobrinhas e para todas as meninas que pudesse, o menino.  Não para que elas se perdessem no contorno bem feito da sua boca, mas para que, distraídas,  talvez se achassem nas palavras dele.  Longos minutos para o youtube, para um jovem, para falar de política, coisa tão abjeta e desinteressante.  Mas o menino, o carinha de anjo, falava de política. Não com a prosódia cansativa e viciada dos Malufs, das Dilmas, dos Serras e Marinas, profissionalizados pelo poder.  Mas com a ira febril de um arcanjo e sua espada de fogo. Avançando contra a câmera, bufando, taquilálico, anaeróbico.  Falando de política como se metralhasse inimigos num game hiper-realista, na Matrix do

Patropina

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Senhoras e senhores, numa iniciativa surpreendentemente ousada e inteligente, o governo federal acaba de criar o Patropina. Você político corrupto ou funcionário corrupto do governo, seja em Brasília ou Santo Antônio da Linguiça, você que mete a mão sem dó, sem dor na consciência, agora pode contar com uma lei de incentivo à cultura para tornar seu nome nacionalmente conhecido. Pense bem, companheiro ladrão, que oportunidade fantástica: você que só respeita a Lei de Gerson, e que já não sabia mais como levar vantagem em cima deste bando de otários que pagam imposto, agora pode dar um passo além. Sim, ladrão amigo: agora você pode usar parte da sua propina para patrocinar o teatro, a literatura, o cinema nacional... É o Patropina! Você pode investir até dez por cento daquele dinheiro que apareceu do nada na sua gaveta, na sua meia, na sua cueca e (dependendo do tamanho da sua cueca) ajudar um pobre realizador a colocar até um longa metragem em cartaz. O longa em si não tem a menor impor

Gente Invisível - O Gari

A rua é serpente saracoteando comigo nas costas. Passo minha vassoura no dorso dela, como um carinho.  E ela se deita no mundão. Varre, varre, varre a sujeira. A rua gosta. Seu Porcão passou de carro importado e tacou um bolinho de papel na minha rua. Gente desnecessária. Ah, se eu fosse polícia, encostava meu berro nas fuças do tipo e mandava: come esse papel seu filho de uma Taenia.  Qual o quê, sou pessoa invisível, empurrador de cisco.  Mas tenho o meu saber que ninguém sabe. Que rua tem cotovelo e é onde o cisco se junta. Você sabe? Sabe nada. Que vento é um bicho traiçoeiro que fica a espreita da gente fazer um montinho de cisco pra soprar. Sabia? Sabia não. Eu sei. Vou debaixo desse macacão faz anos. Renovando o limpo que não dura. Minha mulher não gosta de faxina, diz que é serviço inútil.  Gente é fábrica de sujeira. Eu me realizo de ver a guia limpinha, de refazer o bem feito. No mais, na rua, me acho livre. Se o outro não passa, eu passo. É variação eterna de tudo: rua é eb

Regra Três

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Quando descobriu que tinha três filhos dentro da barriga, descabelou-se...

Eu não sou Ela

É preciso esclarecer os fatos: eu não sou a Senhorita Safo. Leitores deste blog têm me confundido na rua com ela. Então lhe pedi um espaço para defender-me. Tenho estreitos vínculos com esta pessoa mas não posso responder aqui por suas opiniões. Sou uma vítima como vocês. Senhorita Safo me invade, assim como faz com suas caixas de email. E quando vejo, lá está mais um post. É um personagem dos muitos que carrego e que derramou para a realidade. Porque Senhorita Safo não cabe mais em sua gaveta. Onde eu me calo, ela quer berrar. Ficou impraticável nossa convivência sem alguma forma de separação. Dei a ela um blog para que ela não me desse um câncer. E quando ela escreve, me retiro. Leio depois assombrada suas explosões de sentimento... bons e maus. Sua explicitude. E penso que não serei responsabilizada pelo que ela fala. Meu nome sequer consta dos textos. Mas não é assim. Os leitores me olham enviesado: vieses de amor e de ódio que são para ela. E tenho medo. Conheço Senhorita Safo, e