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Mostrando postagens de março, 2024

Humanos S.A.

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Vem humanizar o humano... nas empresas, nas escolas, nas lojas, supermercados, na economia, na política... Vem humanizar o humano que ele anda murcho, descuidado, calejado de performances e lucros  e desigualdades e ambições. Vem dar água, dar abrigo, preservar o humano que lá se vai esgotando e matando o planeta. Vem acordar os poderosos do humano suicídio. Vem gritar na praça, nas ruas, nas janelas dos prédios, contra a desumanização do humano. Vem quebrar a régua onde o humano nunca alcança. Vem desautorizar esta dívida eterna chamada meta que obriga o humano a esfolar o humano. Não joga sequer um graveto na fogueira que consome gente, onde quem tem muito tem sempre mais. Interrompe com seu próprio corpo este círculo vicioso: dinheiro fazendo dinheiro no moedor de afetos. Não dá um passo se isto arrastar alguém.  Se nega às pequenas violências cotidianas impulsionadas pelo medo. Fala alto do massacre que você assiste, da fogueira alimentada de desgaste e infelicidade em nome da sobr

O fim do humano

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Vem humanizar o humano... nas empresas, nas escolas, nas lojas, supermercados, na economia, na política... Vem humanizar o humano que ele anda murcho, descuidado, calejado de performances e lucros e metas e desigualdades. Vem dar água, dar abrigo, preservar o humano que lá vai se esgotando e matando o planeta. Vem acordar os poderosos do humano suicídio. Vem gritar na praça, nas ruas, nas janelas dos prédios, contra a desumanização do humano. Vem quebrar a régua onde o humano nunca alcança. Vem desautorizar esta dívida eterna e o uso do humano pelo humano. Nem precisa vir. Faz um gesto aí do seu canto, na sua esquina, no seu escritório: na direção do mais humano. Não joga sequer um graveto na fogueira que consome gente, onde quem tem muito tem sempre mais. Interrompe com seu próprio corpo este círculo vicioso: dinheiro fazendo dinheiro no moedor de afetos. Mostra esta inteligência humana que te fez um bicho quase divino. Não sobe mais nenhum degrau. Onde foi preciso largar a mão dos ou

Sobre

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Não é sobre o que fazer, sobre a brutal necessidade de ser o que não se é. É sobre a forma do ir. Me arrastar na poeira é o meu não ir. Agarrar a menina pela gola do vestido e obrigá-la a olhar para o que falta, para o que ela ainda não é ou já não é mais... o meu não ir. Mosca se debatendo no vidro muito limpo e transparente da neurose. Empurrada pela dor de nunca bastar, nunca estar inteira, nunca estar pronta. Não é sobre o mestrado, o doutorado, a especialização em sei lá o quê. Não é sobre o emprego, sobre o prêmio, sobre a grana no final do mês. É sobre o prazer de conduzir-me com doçura pela estrada menos esburacada. É sobre a generosidade de dizer a mim mesma que será leve. Será tudo desde que seja com carinho e será nada se for de novo cortando a pele. Porque não é sobre destino. É sobre este cacoete nascido do trauma quando precisei caminhar descalça sobre pedras. Desde então já dei muitas provas de que sei me mover na dor, o meu não ir. Mas já vejo a delicadeza dos meus pés