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O Casaco Morto

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Photo of freediver Hanli Prinsloo by Annelie Pompe É final de ano e tenho comichões de me livrar de coisas. Elas me assombram dentro do meu closet. Um casaco de couro que nunca usei vive ali morto em um cabide. Lindo, não posso doá-lo. Um dia será usado com certeza, numa ocasião especial, meu apego repete apavorado sempre que decido livrar-me dele. Nunca será usado! Berra minha alma incomodada com as dezenas de cabides pairando sobre as seis prateleiras de sapatos. Quantos pentes, escovas, quantas presilhas de cabelo, quantos frascos de perfume, quantos brincos, lingeries, bolsas, echarpes coloridas preciso para não ser? Que me dizem estes objetos sem propósito do meu propósito disperso em objetos? Coisas pra guardar, coisas pra limpar, coisas pra cuidar, tecidos, metais, borrachas, inertes, mortos, que me dizem? Falam da minha essência perdida no excesso de nada, da minha falta de básico e da minha insistência em chamar espaço de buraco. Esta ausência de mim que enfeito e um di