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Mostrando postagens de julho, 2009

A Vítima em Mim

É raro percebermos a vítima em nós. A vítima ensanguentada é a mais sutil das criaturas. De repente, me pego crivada das flechas: o marido não reconhece o esforço sobre humano que faço para desempenhar as milhares de tarefas diárias, os filhos me enlouquecem com suas demandas eternas, o trabalho me consome com sua pressa e total insensibilidade, o mundo me pressiona, me exige e me devolve pouco. Por que ninguém me coloca alguns segundos no colo, por que não percebem o meu cansaço, a minha tristeza, a minha dor? Como podem querer que eu seja feliz assim??? E então, súbito, me pergunto a quem dirijo todas estas lamúrias. A providência de quem será a minha salvação?? Quem é este surdo que não escuta minha dor? O marido, os filhos, o chefe, os amigos?  Hoje, na hora da janta, deixei meus filhos comerem ou não comerem, e comi em paz, levantei-me da mesa e peguei meu I-Pod, atravessei a cozinha onde todos ainda jantavam e desapareci pelo portão que dava na rua. Caminhei uma hora enquanto o