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Mostrando postagens de outubro, 2018

Brasil Outubro 2018

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Não me peça silêncio quando na casa vizinha um abuso se reedita. Não me peça silêncio quando, no palanque, se fala em nome do abuso. Não me peça que não te incomode quando na outra calçada alguém sofre um abuso. Não me peça silêncio quando o abuso mete seus dedos frios pelas frestas da janela determinado a entrar. Esta não sou eu. Perderei seu amor e me arriscarei no seu ódio. Não espere silêncio onde minha humanidade grita. * * *

Luz de Volta

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Refletir é uma dádiva, um serviço que prestamos ao mundo. Pessoas que não refletem, são como espelhos turvos, sujos de verdades defensivas e medos. Não prestam para o outro. Pessoas ameaçadas não são reflexivas: reagem em vez de refletir.   Não permitem que o de fora, invertido, entre em si por uns vitais segundos. Defendem-se. Querem refletir o igual onde estão seguros e o igual não existe no mundo dos espelhos. Alérgicas ao universo invertido, que não sabem ser elas mesmas ao contrário, vão se tornando mais e mais reativas e embaçadas quanto mais rica e diversa a paisagem. Ser reflexivo é relaxar, jogar as armas fora, deixar o outro se exibir, ser silencioso como um espelho para que o interlocutor se esparrame no silêncio até escutar a própria voz. Refletir é primeiro calar a boca e o pensamento: apenas permitir que a imagem, a mensagem do outro entre e se espalhe. É acolher, deixar assentar, é poder absorver parte e devolver o resto ao mundo. Dar a alguém a oportunidade de se enx

Ignorai

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A grande maldade já foi feita, as maldades subsequentes são como ecos eternos do mal primeiro. A grande maldade foi feita quando te desconectaram através da deseducação de tua própria história humana e te condenaram a renascer de novo, todos os anos, qual fígado de Prometeu, num eterno e insuportável dia da marmota. Sem a memória histórica da tua raça, que a educação poderia ter te dado como escudo, não és gente, és rato correndo depressa no labirinto que nunca muda, achando que agora sim estás a caminho da saída. Nas paredes do corredor, os velhos sinais da luta dos teus antepassados se tornam invisíveis diante da tua pressa cada vez maior e do teu desespero em sair. Propositalmente, és mantido em regime de carência e medo para nunca seres   capaz de deixar de correr e nunca parares um minuto para pensar. Tens apenas conexão com tua fome, tua frustração, tua impotência e o ódio que deles nasce. E é exatamente este o plano. Pois é este o estado de ser no qual tu te tornas manipuláv