Ignorai


A grande maldade já foi feita, as maldades subsequentes são como ecos eternos do mal primeiro. A grande maldade foi feita quando te desconectaram através da deseducação de tua própria história humana e te condenaram a renascer de novo, todos os anos, qual fígado de Prometeu, num eterno e insuportável dia da marmota. Sem a memória histórica da tua raça, que a educação poderia ter te dado como escudo, não és gente, és rato correndo depressa no labirinto que nunca muda, achando que agora sim estás a caminho da saída. Nas paredes do corredor, os velhos sinais da luta dos teus antepassados se tornam invisíveis diante da tua pressa cada vez maior e do teu desespero em sair. Propositalmente, és mantido em regime de carência e medo para nunca seres  capaz de deixar de correr e nunca parares um minuto para pensar. Tens apenas conexão com tua fome, tua frustração, tua impotência e o ódio que deles nasce. E é exatamente este o plano. Pois é este o estado de ser no qual tu te tornas manipulável, vulnerável às mentiras, usável como um animal de tração no qual se colocam viseiras para que melhor leve o peso na direção dos interesses de quem tem o chicote.  E esta grande maldade segue sendo reeditada por cada líder teu que não te fala da urgência desesperadora em salvar teu filho da mesma sina. E esta maldade está se perpetrando agora mesmo. Vão te falar de muitas salvações: da urgência em salvar teu bolso, teu corpo da violência, mas não te falarão do teu poder de pensar. Ele seguirá estratégicamente obscurecido pelo que te dá conforto imediato: grana pra comprar coisas, arma pra matar bandidos, obras que custem pouco, sejam rápidas e tu possas ver. Esta a grande maldade que se perpetua: furarem nossos olhos ao nascermos com o espinho do ignorar.

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