Ser o que respira

Primeiro é preciso estar vivo

Estar presente

Não se voa sem um ponto de apoio

Primeiro é preciso estar aqui

Saber onde é aqui

Perder o susto

Sentar no agora

Porque, senão, não tem depois

Senão, quando o depois é sempre

Só tem angústia

Primeiro é vital ser o que respira

E mais nada

Estar ancorado no corpo

Com as mãos sobrepostas

Saber-se calor

Saber-se vivo

Não uma máquina de ir

Não um poço de dever

Um ser, apenas um ser

Primeiro é preciso entender

Que algo sempre permanece

Que algo segue

Mesmo no desespero

Alguém está ali

Sereno como uma rocha

Ainda que falte muitas vezes

Tempo pra percebê-lo

Ele sabe o destino

Então resiste no instante

E não avança 

Não dá um passo

Se for arrastando a alma no asfalto.  

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