Chega de Show
Zé Cenoura montou seu cirquinho poderoso do mal. Movido pela
cenoura gigante e pontuda que habita seu inconsciente, Zé Cenoura equipou o
cirquinho do mal com coisas pontudas que ameaçam. Ele tem uma técnica infalível
aprendida com o clã cenoura onde habitam os Zés da comunicação do cirquinho do
mal: berrar atrocidades no alto-falante do mundo. Manter o ser humano assustado
e distraído. Vender culpa pra quem está frustrado e achando a cenoura pequena.
Tá frustrado? Tá sem grana? Tá sem emprego? A culpa é do vizinho, do preto, do
gay, do latino, do chinês, do extraterrestre e Zé Cenoura tem sempre uma
solução simples, drástica, miraculosa, que já foi tentada e não deu certo mas
não importa desde que você acredite mais uma vez que existe uma solução simples, drástica, miraculosa para
os problemas. O que importa para Zé Cenoura é o show do cirquinho do mal, tirar
do guarda-roupinha sua fantasia de herói e correr pela sala com o braço erguido
e o punho levantado no ar, super Zé
Cenoura em mais uma aventura para salvar o seu mundo. E precisamos admitir: ele
é bom de cirquinho. Apoiado por milhares de cenouretes ele é capaz de hypar nas
redes o mais bizarro cirquinho do mal do planeta. Tudo pensado em detalhes pra
mídia ajudar a gritar no auto-falante. Primeira dama com uma nave espacial na
cabeça e sem olhos, X Cenoura fazendo gestinho nazista... e muitas declarações
beeem doidas do tipo vou anexar o vulcão Stromboli pros meus cenouretes poderem
esquentar seus marshmellows. E tome gritaria. É verdade, ele é malzinho e pode
fazer muita merda enquanto brinca de ser o super cenoura. A história já
mostrou. Mas sejamos salada: Zé Cenoura tem direito de existir. Ele é parte da
escola. Não é sobre eliminar o inimigo como sonham os pertencentes ao clã da cenoura.
Isso é fantasia de gente que não cresceu, que não passou no guichê da
inteligência emocional antes de encarnar, que só pegou o o kit básico do se dar
bem. É sobre desestruturar o cirquinho do mal com uma boa risada. Enxergar a
dica do universo que envia os Zé Cenoura sempre com cara de caricatura, pele da
lagartixa, voz de desenho animado. A maldade existe sim mas o Zé Cenoura vive
de criar carrinhos alegóricos no carnaval da maldade. É sobre entender que ele faz
muito barulho mas ele é menos e nós somos mais. Somos mais inteligentes, mais
divertidos, mais amorosos, mais eficientes e mais machos que o Zé Cenoura. Carregamos a masculinidade
genial de uma criança que se adapta, que desliza entre legumes diversos sem se
sentir ameaçada porque o tipo de poder que ela carrega ninguém tira. Uma
criança rica emocionalmente antes de ser triturada e enfiada numa forma em
forma de cenoura. Uma criança transbordante de poder e coragem. Então chega de cirquinho do mal. Vamos gastar nossa energia colocando
limites claros em abusadores e ocupando incontrolavelmente ou abandonando solenemente
espaços onde eles ganham dinheiro. E me perdoem os circos e as cenouras.
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