Cai o mito
Tem alguma coisa pra você carregar dos destroços da
queda recente de grandes mitos. O guru, o milagreiro, a salvadora de criancinhas da
favela. Tem um pedaço grande do quebra-cabeça do seu rosto nestas
tragédias. Algo que você irá reconhecer como seu. E que, se não pegar, nos fará seguir juntos arrastando a cruz pesada desta ilusão evanescente de civilidade.
Existe uma mensagem pra você na caixa postal do destino remetida pela história sobre a maldade inerente ao humano e o perigo de desconsiderá-la ou tratá-la como sufocável. Maldade sufocada engrossa as raízes e cresce para dentro. Existe uma mensagem lá sobre sua mania de alimentar mitos e sufocar maldades em barragens que sempre explodem e mancham de mal até o que não é. E nem todos irão abri-la. Minha amiga evangélica disse que a partir de agora quer falar com Deus
de um jeito menor, diretamente, quando encostar a cabeça no travesseiro a
noite. Sem supostos semideuses no caminho. Ela abriu a mensagem sobre encontrar o urgente refúgio no pequeno, no herói anônimo de cada um de nós. Desconfiar dos que voam alto
demais e se vendem como passagens para o divino. É uma mensagem antiga suspensa no eterno. Já nos ensinaram os gregos: Ícaro fez asas de cera e voou muito alto, perto do sol. Mitos de carne e osso são seduzidos pelo fogo do poder e quase sempre derretem. A chama que não queima está no
pequeno, no cotidiano, no constante, no próximo, no que não se mostra nem vende revista. Os brotos de consciência na voz da amiga evangélica sim, são asas.
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