Caçadora

Venenosa a solidão que blefa
Solidão travestida de amor
Solidão que inventa marido, namorada
Onde o abandono se repete

Cara a solidão que usa o outro
Como tampão de hemorragia
Solidão surda que não escuta o “não”

Nefasta a solidão dos que se precisam acompanhados
Solidão que manipula falas e inventa olhares
E rouba carinhos invisíveis

Estúpida a solidão que não se abraça, não se assume
Solidão que fabrica arapucas de pegar amor
Nunca autorizada sempre gigantesca

Ergo-me na sala dividida ao meio por um biombo
Por tanto tempo jurei um outro do lado de lá

Ergo-me com a coragem  dos exaustos e vou olhar...
Ninguém.

Desenhos de crianças espalhados pelas paredes, pelo chão
Meu outro inventado

O resto é solidão real, basal, inescapável

Recolho minhas garras e vou finalmente caçar a paz em mim.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Pequeno Príncipe e a Cobra

Ilusão

Platão e o Macaco Pelado