Os DOBEM e os DOMAL

Photo by Alexey Menschicov
Tenho horror a radicais. Não estou falando de terroristas islâmicos, estou falando de homens e mulheres bomba das redes sociais.  Um radical cheio de boas ideias e boas intenções, um radical do bem, da saúde, do amor é um grande egocêntrico chato. Por que ele está certo, e gente certa é um porre. E as redes sociais me fizeram conviver com radicais chatos muito mais do que eu pretendia. Eles dividem o mundo entre os conscientes, inteligentes e bacanas que estão do lado de cá e os pobres coitados, estúpidos, alienados do lado de lá. E se você não pensa ou age como ele é porque você ainda não entendeu de fato as coisas. Às vezes, ele te tolera, mas atualmente ele anda mais propenso a explodir os que estão ao alcance com comentários grosseiros ou apenas herméticos num post. Na cabeça dele existem pessoas DOMAL e pessoas DOBEM. Não existe um contexto, ele não se aprofunda na compreensão da atitude do outro que, vá lá, foi DOMAL. Olha por cima, vê quanta gente está metendo o pau na figura, dá um Google no nome do sujeito, lê as manchetes da mídia nada confiável e se integra ao linchamento junto com sua turma (turba?) de amigos. Os linchamentos nas redes sociais são rápidos, um tsunami de posts que se retroalimentam e arrastam o DOMAL em sua correnteza por uns dias. Destilada a ira do time DOBEM, pronto, voltamos à pasmaceira. Radicais não querem se aprofundar, radicais têm pressa de destilar sua raiva, eles querem ELIMINAR o mal aqui e agora como se vivêssemos dentro de um filme de super-herói americano.  O seu bem também é integral e boçal na sua integralidade. Não acolhe o mal em si mesmo, o mal dos seus, então sofre de escassez da humildade que poderia gerar pontes vitais entre o bem e o mal. Desdenha as contribuições do inimigo. Suporta mas não respeita de fato a escolha do outro. E me enche muito o saco. Estamos vivendo hoje uma situação extrema no país e no mundo onde a tolerância, a humildade e a compaixão, não podem ser mais enfeites de poucos iluminados. Estamos caminhando na borda do abismo. Não sair atirando é questão de sobrevivência. Ouvir o argumento do outro, pesquisar, ler, se expor à visão contrária, raciocinar dentro de um contexto social e histórico. Ou é isso, ou é guerra estéril de torcida. E eu prefiro dar uma volta com o inimigo a alimentar o narcisismo insuportável de um chato de um radical. 
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