Morra a Rentabilidade

Tenho visto amigos, gente bacana mesmo, se matando em função de uma tal rentabilidade da empresa, rentabilidade dos projetos, rentabilidade das idéias… Para fazer as coisas rentáveis, os seres humanos se massacram em nome das empresas, dos negócios, da economia… A economia, aliás, virou uma entidade invisível mas que a nós todos governa com mãos de tirana imprevisível e irritável. Andem direitinho seus bostas, senão acabam irritando a economia. Gente que hipotecou a casa, destruiu as economias do mundo. Não. não é simples assim, claro que não. Deixamos de ser simples faz tempo. Então vamos correr aos economistas, gente que entende esta complicação toda que criamos, e tentar prever o amanhã e nos defender da economia que é movida por outra gente que corre dia e noite atrás da rentabilidade. E não é que ontem, em nome da rentabilidade do evento do maior banco do meu país, queriam cortar 300 reais do meu justíssimo cachê de operária free-lancer??? Querem me arrancar 300 reais para ofertar em sacrifício à gulosa e insaciável Deusa da economia. Irão sucatear bem o preço do evento, se arrastar, lamber as botas do banco e isto sequer lhes garantirá o cliente. Amanhã o grande banco baterá as asas junto de outro fornecedor com maior habilidade de se arrastar bem baixo. Paciência, são as leis de mercado. Que o mercado se exploda! E quem veio me pedir o sacrifício dos meus 300 contos? Um monstro capitalista e insensível? Não, um amigo de trabalho, outro pobre explorado e sacrificado que nem eu, apavorado pelo medo de perder quem sabe o emprego ou apenas hipnotizado por esta medíocre e infeliz lei que a muitos poucos serve e que nos faz reféns incondicionais de uma tal economia. A propósito: se depender dos meus 300 reais, este banco fecha.

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