Deste jeito, deste tamanho, nesta hora

Está bom assim.... desse jeito, desse tamanho, nesta hora. Eu te digo: não precisa mais nada. Senta naquela nuvem e apenas seja  no breve espaço em que a nuvem se desmancha. Não existe de fato nada além desta incompletude. Falta o corpo perfeito, a grana do aluguel, o amor da vida, falta o filho, o tempo pra fazer tudo, a vontade, falta, falta, falta... Ela não foi criada para que a mente te torture: a falta. Ela deveria ser, no máximo, um convite ao movimento quando se sabe que faz parte o ficar parado. É seu direito ficar parado e bastar. Sem angústia. Desvestir a falta como quem descalça o sapato no final de um longo dia de trabalho.  Não se viciar nela. Não insistir cavando quando a pele dói. Está bom assim... desse jeito, deste tamanho, nesta hora. Está perfeito e aplausos soam nos infinitos cantos do universo. A vida te ama deste tamanho, nesta hora, deste jeito que você pode ser. E falta muito como sempre. Apenas não olhe por instantes para o que falta. Se afasta do quadro e olha o todo, os átomos que te compõem e que são feitos de vazios. Não entregue estes vazios à crueldade da sua mente. Está bom assim.... desse jeito, desse tamanho, nesta hora. Eu te digo: não precisa mais nada. Perdoa suas faltas. Abraça o seu vazio. Exercita a compaixão por si mesmo, alimenta-a com auto-abraços, ela crescerá, dará flores... Para e distribui ao seu redor. 

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