Enfim, só.
Vem solidão sem disfarces. Estou abrindo mão das distrações... do barulho que o outro faz, da solução que o outro não é. Sou um bicho exausto em busca de um oco. Outros carregam expectativas e promessas, eu ando vazia de entregas e esperas. Vem solidão nesta maturidade calma.
Vem que iremos jogar cartas madrugada
adentro. Vem que, enfim, tenho os braços abertos de te abraçar e deixar o outro
ir. Já posso me acompanhar de palavras e cachorros e não dói a mais. Vem
solidão experiente, imune à panaceia dos romantismos. Vamos tomar um chá quente
ou um vinho frio catando histórias numa tela de LED luminosa. Vamos chorar as
misérias humanas sentadas no sofá com todas as luzes da casa apagadas. Vamos
dançar abraçadas e levemente bêbadas, desvendando a grande enganação que
chamamos de realidade. Vem solidão sem fantasias de completitude, solidão pedra
fundamental, solidão estruturante, original, celular. Vem que o tempo me
ensinou a sua paz. Vem que já estou velha o suficiente para amar-te.
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