Velhos de Toga e Terno

Hoje vou falar mal dos velhos. Não dos idosos, mas dos velhos que ganham idade sem amadurecer e apodrecem. Meu país é lamentavelmente conduzido por velhos. Velhos senhores do executivo, do legislativo e do judiciário com velhas ideias de poder pelo poder.  E cheira muito mal. Enquanto os evoluídos do planeta avançam rumo ao compartilhamento, à compaixão, à transparência, à divisão, à igualdade como caminho de sobrevivência, os velhos do meu país olham hipnotizados para o próprio rabo. Cegos ao que o mundo lá fora aprendeu custosamente: egoísmo mata... volta que nem bumerangue... é devorar a si mesmo com esgares de esperteza. Porque o outro não existe. Tudo é uma coisa só num equilíbrio sutil. A falta na África é minha. A borboleta que bate asas no meu jardim cria o tufão do outro lado do planeta. Não é poesia, é física, não é bondade, é inteligência emocional. E não é imediato mas é certo: a conta vem. Porém, velhos não amadurecidos pensam tudo separado. Acreditam nos limites que seus olhos limitados enxergam. Acreditam que podem se safar sozinhos. Rasos e fominhas, são incapazes de deixar qualquer legado para a próxima geração que não seja esta histórica vergonha. Esperávamos que fossem pelo menos adultos, estes senhores de terno e toga. Não são. Crianças egocêntricas  e mal criadas de cabeleiras brancas, quando não muito tingidas, agarrados à ancora dos privilégios enquanto o barco afunda.  Mas eles irão passar logo. Torço, vendo alguns jovens realmente jovens que vão chegando cheios desta generosidade sábia, futurista. Que fechem os olhos mesquinhos e não abram mais. A natureza irá retorná-los ao estado de igualdade obrigatório que esqueceram. E a história irá arquivar seus nomes eternamente na pasta da mediocridade. O Brasil  então vai repousar o corpo sem parasitas num alívio longamente esperado. Finalmente capaz de se transformar no chão cívico, amoroso e gentil onde nossos netos poderão caminhar em paz.

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