O Pequeno Príncipe e a Cobra
Eu tenho 16 anos. Tinha. Estou morta. Enforquei-me no banheiro da casa dos meus pais. Escrevo aqui através dos dedos de minha mãe. Eu nunca escrevi bem, deu-me um trabalho grande minha carta de despedida que reescrevi muitas vezes e, mesmo assim, sei que ficaram erros perdidos em algumas linhas. Esperei que o coração de minha mãe se acalmasse um pouco, então pedi a ela que me emprestasse seu dom uma vez para que eu dissesse a todos vocês que choraram e choram, que se assustaram, que ficaram perplexos, que perderam o chão: morrer é um direito de quem nasce. Viver não é obrigatório. Viver não é para compreender, é para ser bom. E para ser suficientemente bom, em algum lugar tem que bastar estar vivo. Sem enfeites, penduricalhos, sem fazer nada, sem ter nada... Tirar tudo de cima, mergulhar no vazio, na solidão, no possível e encontrar o prazer de viver, de estar conectado. Quem fica é porque encontra. Morrer também não é para compreender. Muitas teorias sobre minha morte vão caber e nenh...
ai as mães magoadas... a minha sempre se orgulhou muito de que eu fosse um homem! e nesse lugar eu me mantive até me apaixonar por um macho mais macho do que eu, e bem machista, mano de osasco - como ele mesmo se nomeia - com coragem (ou falta de educação feminista-politicamente-correta) suficiente, para me fazer ver que para ganhar na força eu tenho que ser mais forte do que ele... hj sou uma mulher histérica, olhando em pânico para o meu feminino deslocado... mas em tratamento, tratamento de choque... e estou namorando o silêncio, a servidão e os ingredientes da receita de fatia húngara deliciosa da minha avó!
ResponderExcluir(e tenho gostado muito mais de ler os seus textos do que de conversar com as amigas magoadas para tentar legitimar a minha dor, com a falta de igualdade dos sexos que reina - e continuará reinando, se o cosmos permitir - nos lares deste mundo de homens E mulheres!)
A fala é tão verdadeira e inexorável que entra em mim como se tivesse acabado de sair da minha boca. Que verdade absoluta. Que lugar delicioso essa geografia entre biceps, peito e ombro - dos mais gordinhos então nem se fala! Assim como verdade é a decadência dos rótulos de estado civil em relação à presença constante de um na vida. Vou aprendendo aos trancos e barrancos mas vendo que em seus textos ressoa minha experiência o que sempre me relembra o quanto de UM temos todas nós. Beijoca.
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ResponderExcluiresse tonus muscular, essa tensão mínima só pra nos manter em pé, essa brisa das pessoas de cuca fresca. agradeço minhas amigas por me fazer acreditar no giro macio da nuca branca de uma amada. bjs
ResponderExcluirHá de endurecer, mas jamais perder a ternura. rsrsrsrs
ResponderExcluirBjo!