O Soldado
Chega a hora de fazer aquilo que amo, aquilo para que nasci, para onde a alma aponta... e sou tomada de um pavor terrível, um desânimo sobrenatural, um ódio que brota das vísceras. Simplesmente não quero, não vou, não mereço ser obrigada a fazer aquilo que amo. Inclusive, preciso sair imediatamente do lugar onde possivelmente faria aquilo que amo como se fosse um matadouro. Evito com todas as minhas forças encontrar pessoas que possam significar um mínimo elo com aquilo que amo. Aliás, odeio também estas pessoas que carregam na fuça o mapa do meu paraíso. Bem escondida atrás do ódio que tenho desta gente sem lastro no sofrimento... Quem? Ela, minha invejinha incapaz de mergulhos. Invejinha que fica olhando da praia e inventando tubarões. Não nada, a infeliz. Não. Nada. Uma hora esqueceu o maiô, noutra a água está fria, daqui a pouco o sol foi embora, e ela lá odiando o mar e suas insensíveis ondas que teimam em ir e vir enquanto ela segue paralisada. Chega a hora de urrar de prazer