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Mostrando postagens de março, 2018

O Silêncio Dentro do Espelho

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O radicalismo é, antes de tudo, uma forma de chamar a atenção. A criança não é amada, não é percebida, e torna-se prisioneira de um narcisismo reverso. O narcisismo dos desamados. Bate a cabeça na parede, coloca fogo na mesinha da sala, para ser vista. O adulto radical explode bombas no shopping, usa palavras bomba nas redes sociais, ideias bomba em comícios. A mãe o vê, a mídia o vê, a sociedade trava seus holofotes sobre ele. Não existe som dentro do espelho, então radicais são surdos. Esqueça: toda conversa com um radical é inútil e ilusória. Treine o ser luminoso em você para mapear a fala estéril do narcisista e desvie-se dela. Tire o oxigênio da fogueira, não caia no jogo da guerra, lembre-se: faz parte do teatro do narciso radical ser estapeado, despedaçado. Cada tiro, facada, que você dá nele é sua atenção conquistada, é um orgasmo na dor. Não rebata a bolinha do radical, deixe cair no chão da sua quadra, não é uma derrota, é a sabedoria de não jogar o jogo do mal nem fora,

Bilderberg

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Eu sou o gado que a economia toca Acho que decido, nada, eu sou a vontade que a economia gera Acho que voto, nada, eu tenho o candidato que a economia topa Eu sou o gado que a economia toca Faço a guerra com a mão que a economia arma Mato a Terra em nome do sonho que a economia cria Acordo pra equilibrar a bola no focinho todo dia Enquanto o planeta se esgota, a meta só duplica E cada dia a bola é mais pesada e é mais dificil ser foca Eu sou o gado que a economia toca Em troca recebo de vez em quando uma pílula de alegria Uma roupa nova, um carnaval, uns dias solta no pasto O AMOR, A FELICIDADE HUMANA, A COMPAIXÃO: EM QUE ESTA ECONOMIA FOCA? Eu sou a rês que desconfia. * * *

Perdendo Meu Tempo Com Você

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Existe um narcisismo nefasto por trás da sua rigidez. Vou te contar, compadre, no fundo desta boa intenção inabalável para com o país, o mundo, a humanidade, tem um narcisismo seu. Nascemos em lados diferentes do jogo, eu e você, e isso não me assusta. A diferença não me assusta. Me apavora essa paixão com a qual você se agarra à verdade e rosna. Esta arrogância, intelectual ou burra, de quem fala cuspindo sua crença. Esse radicalismo surdo dos encantados pelo espelho colado atrás de uma opinião. Há muito não se trata de encontrar solução mas de preservar um pedestal ideológico em cima do qual você dança. E isto sim me assusta compadre, porque esta postura é o colchão estúpido das guerras. E é estéril pra nós dois. Só serve a quem vende armas. E quero te dizer compadre amigo, porque com os que se consideram inimigos já não desperdiço verbo: cabe muita frustração numa receita de mundo ideal e frustração gera raiva e sua raiva não está ajudando, percebe? Pode até criar algum frisson n

A flor e o Susto

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Descobri recentemente que no último meio século tenho estado pouco aqui. Tenho dúvidas até de saber onde é aqui. Não sou nem capaz de precisar quando foi que me mudei para um mundo virtual todinho feito de crenças que me são caríssimas. Creio, por exemplo, que tive uma infância difícil e afetivamente instável e sou fruto disso. Estou sempre recorrendo a uma cena de abandono da criança do passado para dar uma assinatura harmônica às minhas angústias... que combine com o modelo sofisticado de crenças que me constroem enquanto ser. Tive uma amiga cujos pais se suicidaram, um após o outro com alguns anos de diferença quando ela era criança. E virou uma adulta feliz, a louca. No conjunto de crenças que a construíam pais suicidas foram transformados em sangue sobre azulejo e ela simplesmente lavou. Na minha cenografia teriam se tornado um altar onde uma heroína interna rezaria todos os dias. Arrumei, entre outras agruras, uma síndrome do pânico, logo na adolescência. Fiz daquele caos dese