Riomar
Estou ficando menor... cada dia menor... cada aprendizado menor... descascando pretensões, vaidades, ilusões, coisarada que catei no caminho de crescer. Tirando das costas o fardo pesado de encontrar a paz suprema, a felicidade suprema, o eu supremo. Já quis ser grande, primeiro no mundo material dos bem sucedidos, depois no mundo espiritual dos iluminados, já medi com régua minha bondade, já contei minhas virtudes como se fossem joias, já me vendi demais no mercado de gente que vale a pena. E, quando me vi, eu era só um cabide de tudo aquilo que eu devia ser. E cada penduricalho era uma mentira me puxando para o chão. Reflexos do que faltava, remendos na roupa importante e salvadora que sequer existia. Estou ficando menor... cada dia menor... cada aprendizado menor... Só o personagem da vez nesta ficção e sua mala única. Talvez este dia me traga uma dor de cabeça, a indicação para um prêmio, um carro roubado, um grande amor... Serão tão bem vindos ou malditos quanto um rio que corre