Riomar
Estou ficando menor... cada dia menor... cada aprendizado
menor... descascando pretensões, vaidades, ilusões, coisarada que catei no
caminho de crescer. Tirando das costas o fardo pesado de encontrar a paz
suprema, a felicidade suprema, o eu supremo.
Já quis ser grande, primeiro no mundo material dos bem sucedidos, depois
no mundo espiritual dos iluminados, já medi com régua minha bondade, já contei
minhas virtudes como se fossem joias, já me vendi demais no mercado de gente
que vale a pena. E, quando me vi, eu era só um cabide de tudo aquilo que eu
devia ser. E cada penduricalho era uma mentira me puxando para o chão. Reflexos
do que faltava, remendos na roupa importante e salvadora que sequer existia. Estou
ficando menor... cada dia menor... cada aprendizado menor... Só o personagem da
vez nesta ficção e sua mala única. Talvez este dia me traga uma dor de cabeça, a indicação
para um prêmio, um carro roubado, um grande amor... Serão tão bem vindos ou
malditos quanto um rio que corre para o mar. Sabendo ser mar. Não esquecendo de
ser rio.
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Para o professor Jonas Masetti
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