Revoluçõezinhas
Na era do excesso de comunicação vejo as grandes revoluções perdidas para manipuladores. Me socorro nas pequenas revoluções diárias: compartilhar conhecimento nas redes sociais, catar lixo no chão, cumprimentar com meu melhor sorriso o velho solitário que caminha pelo parque todas as manhãs, cuidar do outro, estar presente. Minhas micro-revoluções estão a salvo porque são anônimas, invisíveis. Ninguém quer comprá-las ou vendê-las ou colar lantejoulas nelas. Ainda são desinteressantes para o sistema. Não têm bandeira, nem porta voz, nem expectativa de mudar o mundo. Se bastam na reinvenção pessoal diária, na sensação de integridade, na paz de cada abraço amoroso. No tempo da comunicação fria, vejo valores mortos em hipertextos e falatórios virtuais e me abrigo nos pequenos oásis plantados na realidade cotidiana: a risada inesperada do alto executivo, a história sábia contada pela atendente da padaria, os minutos forjados no caos da agenda para encontrar o amigo. Bolhas de sabão magn