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Mostrando postagens de janeiro, 2017

Final Feliz

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autor Marc Andre Robinson Esta noite sonhei-me nua em uma cama abraçada a um homem nu como duas raízes aéreas que avançam debruçadas uma sobre a outra. Não era sexo. Conversávamos. Eu observava pequenas imperfeições na sua pele. Ele me contava as pelejas do dia enquanto me estreitava em seu carinho. Encaixados feito Yin e Yang, eu e o homem éramos flor boiando serena na superfície de um lago. Acordei só, mas acompanhada deste abraço. E entendi nele muito mais do que o homem ideal fora de mim. Acordei sem a necessidade de encontrar um homem que me dê suporte, paz e aconchego. Acordei livre desta busca insana e inútil. Dentro de mim meu masculino abraçava meu feminino: forte e terno como só ele saberá ser. Não se culpavam mais, não se cobravam, não carregavam mágoas e dívidas. Conversavam sobre o dia banal. Pérola preciosa que o inconsciente me deu e não será desperdiçada. Já não espero na murada do castelo. Sou o castelo, o príncipe, a princesa e o final feliz.  * Para Nany

No Buraco

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Nós fazemos arte no buraco. Escuro. No escuro da falta de grana, da falta de importância. No país escuro onde senhores Cartolas precisam lavar carro no posto de gasolina para não morrerem de fome. Nós somos seres estranhos do buraco. Fascinados por uma luzinha que vem lá de cima, cada vez mais distante do chão que afunda. Miragem luminosa chamada patrocínio daquela grande empresa que te pergunta se a sua peça tem ator famoso. No país escuro onde uma bunda bem cuidada te faz famoso. No escuro do raciocínio mercadológico onde tudo existe para vender e vender e vender mais e dar lucro. Onde o furor mercadológico transformou a arte numa puta chamada entretenimento que anda com seringas e mais seringas de morfina na bolsa oferecendo aos homens uns momentos de torpor e alienação dentro do curral.  Onde pensar é chato e ter é obrigatório. Onde almas vêm com preço e muitas estão, francamente, em liquidação. Nós fazemos arte no buraco dentro deste buraco. Quase invisíveis. Descartáveis como