Pode Acabar
Não
é mais sobre a guerra. Nenhuma guerra. É sobre a Terra, toda a Terra. Por que não
é mais sobre quem estava certo, quem ganhou, quem venceu. É sobre a espécie que
sobreviveu. Não é mais sobre o dono da autoridade, quem tem o cargo pra mandar.
É sobre assumir a autoria de pequenas crueldades.
É sobre a capacidade de autorizar essenciais alegrias. Não é mais sobre recursos
a explorar. É sobre a sabedoria de recusar-se a explorar, mudar o curso. Nem é
sobre a urgência de cada reciclagem. É sobre a inteligência de ouvir a mensagem vital e se curvar
humildemente ao ciclo natural. Não é mais sobre o poder
que nos trouxe até aqui. É sobre reinventar o poder pra seguir sem apodrecer. Não é sobre o crescer
é sobre o parir. Nem sobre o ter, é sobre o sentir. É sobre consumir sem
adoecer. É muito sobre o que virá e ao mesmo tempo é sobre o já, o agora. E não
é sobre a dor que vem de fora, o inimigo que ameaça. É sobre se saber o
predador e sempre a caça. E não é sobre ser salvo na última
hora por algum Deus. Não é, definitivamente. É sobre descobrir-se Deus. E então poder ser menos, bem
menos... urgentemente.
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