Simples

Não combinamos que seria fácil. Porque fácil não era palavra importante. Tínhamos planos maiores. Combinamos de retornar-te ao simples que é muito além do fácil. O simples, lembra? Aquele avesso precioso do complexo? O complexo aceito, abraçado, digerido. Você estudou o jogo por muito tempo e elegeu nele suas escolas da vez. Olhamos juntas para a tela tridimensional chamada vida. Você projetou nos meus olhos o seu roteiro, fizemos ajustes, você partiu. Sem precisar do fácil que seria lembrar-se de quem você é. E brotou na tela tridimensional vinda do nada. Como se existisse nada. Segui o nosso roteiro e você, esquecida do antes, me odiou várias vezes. Enveredou numa sequência de complexos buscando um suposto fácil que te salvaria. Uma coisa que sabemos: não existe. Então, te vejo esmurrando as paredes do labirinto. Exausta de tentar saídas. E a saída não está no labirinto, não está na dificuldade que te distrai. Está no simples de que não existe o labirinto de fato. Ele é feito de átomos que são feitos de mistérios e muitos vazios. Está no simples de que toda história vivida é seu roteiro materializado pela energia densa deste plano. Como combinamos. E, como combinamos, você nunca esteve só:  te envio sinais, todos  os dias. E, mesmo que você ainda os perca hipnotizada pelas supostas escolhas do labirinto, seguirei colocando inexplicáveis e incoerentes borboletas nos topos cimentados dos arranha-céus da megalópole. Porque sou o todo de onde partiste. Porque te espero sentada no sofá do amor.
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