Simples
Não combinamos que seria fácil. Porque fácil não era palavra
importante. Tínhamos planos maiores. Combinamos de retornar-te ao simples que é
muito além do fácil. O simples, lembra? Aquele avesso precioso do complexo? O
complexo aceito, abraçado, digerido. Você estudou o jogo por muito tempo e
elegeu nele suas escolas da vez. Olhamos juntas para a tela tridimensional
chamada vida. Você projetou nos meus olhos o seu roteiro, fizemos ajustes,
você partiu. Sem precisar do fácil que seria lembrar-se de quem você é. E
brotou na tela tridimensional vinda do nada. Como se existisse nada. Segui o
nosso roteiro e você, esquecida do antes, me odiou várias vezes. Enveredou numa
sequência de complexos buscando um suposto fácil que te salvaria. Uma coisa que
sabemos: não existe. Então, te vejo esmurrando as paredes do labirinto.
Exausta de tentar saídas. E a saída não está no labirinto, não está na
dificuldade que te distrai. Está no simples de que não existe o labirinto de
fato. Ele é feito de átomos que são feitos de mistérios e muitos vazios. Está
no simples de que toda história vivida é seu roteiro materializado pela energia
densa deste plano. Como combinamos. E, como combinamos, você nunca esteve só: te envio sinais, todos os dias. E, mesmo que você ainda os perca
hipnotizada pelas supostas escolhas do labirinto, seguirei colocando
inexplicáveis e incoerentes borboletas nos topos cimentados dos arranha-céus da
megalópole. Porque sou o todo de onde partiste. Porque te espero sentada no
sofá do amor.
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😢 que texto!
ResponderExcluirLindo,profundo....que as borboletas sejam sinais bem visíveis pra ela.Que o todo sobreviva ao grande amor.
ExcluirBjos
Obrigada queridas Vera e Giovana.
ExcluirObrigado Nanna
ResponderExcluirDe nada, querido.
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