O Pequeno Príncipe e a Cobra
Eu tenho 16 anos. Tinha. Estou morta. Enforquei-me no banheiro da casa dos meus pais. Escrevo aqui através dos dedos de minha mãe. Eu nunca escrevi bem, deu-me um trabalho grande minha carta de despedida que reescrevi muitas vezes e, mesmo assim, sei que ficaram erros perdidos em algumas linhas. Esperei que o coração de minha mãe se acalmasse um pouco, então pedi a ela que me emprestasse seu dom uma vez para que eu dissesse a todos vocês que choraram e choram, que se assustaram, que ficaram perplexos, que perderam o chão: morrer é um direito de quem nasce. Viver não é obrigatório. Viver não é para compreender, é para ser bom. E para ser suficientemente bom, em algum lugar tem que bastar estar vivo. Sem enfeites, penduricalhos, sem fazer nada, sem ter nada... Tirar tudo de cima, mergulhar no vazio, na solidão, no possível e encontrar o prazer de viver, de estar conectado. Quem fica é porque encontra. Morrer também não é para compreender. Muitas teorias sobre minha morte vão caber e nenh...
Lindo, Nanna. Saudades. Carlos.
ResponderExcluirsigo teu blog com carinho e interesse. agora não perca mais as oportunidades de dizer que a gente gosta de alguem, antes que ela fique sem saber disto...
ResponderExcluirabraços e força nos renascimentos
Pedro Fontes
Nanna, isso não foi um texto. Foi música de orquestra, arrebatada, em estado, sólido, estado de palavra. Uau! Ouvi toda a força por trás das frases...
ResponderExcluirnascer é muito comprido, como diz o poeta.
Bravo!!
Tenório
Crise de meia-idade. Se ataca os homens aos enta não posso deixar de questionar se a alma da mulher tem a mesma idade cronológica do corpo. Desde os doze tenho pelo menos uma por ano. Curioso é que não morri aos vinte e poucos. Ou talvez eu tenha. Talvez eu morra um pouquinho em cada uma delas. Não reconheço essa moça no espelho mas confesso que simpatizo com ela. Gostei do corte de cabelo. Sempre quis um assim.
ResponderExcluirNanna, seu texto veio complementar o filme "Homens e Deuses" que também me impressionou muito. Arrebatador!
ResponderExcluirAgora quero o renascimento pós Páscoa.
Beijos.
Ernê