Meio Ovo
Nunca está bom. Sempre falta. Olho cheia de inveja para o jacaré no banco de areia no meio do rio. Plácido. Não falta nada. E quando falta é tão simples, tão reto. Mas eu caí na esparrela de vir ser humano. Um bicho cheio de receitas de ser. Para mim falta tudo. Acordo de manhã precisando beber menos, ganhar mais, encontrar o melhor corte de cabelo, fazer algum curso, meditar, respirar usando o diafragma, ser mais positiva, comer mais ovo, comer menos ovo, comer meio ovo, comer dois ovo, não errar o plural de ovo. Estou sempre errada, inadequada, devendo. Não consigo simplesmente apoiar a barriga no banco de areia e olhar o céu. A barriga que apoio no banco de areia é grande demais, é flácida, é um corpo estranho plasmado no meu abdome, um continente ou conteúdo psicanalítico que não cala e não me deixa em paz. Não sendo um jacaré, preciso evoluir sem descanso: encontrar minhas sombras, desvendar meus traumas, buscar a iluminação mas, claro, com humildade, não muita humildade que pode ...
Perfeito! Autoestima, amor próprio, segurança, confiança em si mesma. Difícil para muita(o)s chegar nesse nível. É claro que imagino que há dias em que a balança chacoalha, mas para quem isso não acontece? Quando a base é boa, o equilíbrio retorna rápido.
ResponderExcluirAdorei!
Adorei. Também não conheço sensorialmente o significado de ciúme. Nunca senti. Mas sempre amei.
ResponderExcluirAi Nanna,
ResponderExcluirmais um texto emocionante.
Yeeeeeeeeeeeeeessssssss!!!
'Grad-cida
Beijo!
Estou aqui por indicação da Paula Nigro. E posso dizewr que adorei o texto, uma vez que compartilho da mesma idéia. Também penso assim: estou junto porque quero estar; está comigo porque quer estar.
ResponderExcluirParabéns pelo texto, Ana Paula
Perfeito !! AMEI !!
ResponderExcluirJá compartilhei...
Bjo lindona
agora não posso mais ler mesmo, porque já estou soluçando de tanto chorar...
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