Próxima Acrobacia

Há esse tipo de mulher encarregada de atravessar a noite escura de ventania levando na mão uma vela pálida e trêmula. Acredite, elas existem. Guardiãs das incertezas. Condenadas a não ignorar que incertezas são os paralelepípedos da rua. Suas costas têm um formato de vírgula, forjado pelo hábito de andar curvada sobre a chama e sua mão esquerda tem formato de escudo. Tentando impedir com o corpo qualquer sopro que possa tocar mortalmente aquele lume. Ameaçadas pela imprevisibilidade dos ventos, pela hipótese de que a mão espalmada esfrie.  Vigiando o bater de asas de uma borboleta do outro lado do mundo. Acredite, elas existem. Um tipo de mulher que finge dançar quando a chapa esquenta sob os pés para não assustar aquele que olha o abismo. E ri o riso que já não tem e anda sobre o deserto com sua forquilha inventando água... porque é preciso.  Acredite, elas existem, tenho irmãs assim. Que balançam berços onde dorme a menor das esperanças. E embalam estas esperanças com amor infinito, mesmo que elas possam dormir para sempre. São anônimas, disfarçadas atrás de uma doida leveza, são vitais, são minha coragem na próxima acrobacia.

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Para Andrea Pasquini e Eloisa Elena... e você.

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Comentários

  1. Parabens Nanna! Que sensibilidade!

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  2. Maravilhosa!..te amooo sua linda!

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  3. Lindoooooo, fiquei lendo,relendo...amando seu texto.Maravilhoso amiga.
    Bjos

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  4. Texto lindo. Atesto ser verdade e ganhei inspiração para mais um dia. Obrigada.

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  5. 'E ri o riso que já nao tem...'tanto...

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  6. Nanna, conheci você ontem e não paro de ler seus textos. Há 20 anos não interpreto nada, deixei de lado o teatro... mas com teus textos veio uma vontade louca de por voz nas palavras. Tem uma vida imensa em cada palavra sua.

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  7. Verdade!!!!! Amei!!!

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