Espera

Há uma escada escondida num canto da sala. Desça até o último porão. Haverá um  longo corredor de luzes fracas, algumas queimadas. Siga até o fim onde uma porta espera semiaberta. Atravesse para o quarto onde ela tece. A senhora de dedos enrugados e tortos e cabelos brancos em desalinho. Tece e desfaz seu tricô: um mesmo sapatinho de menina. Tece e puxa o fio quando está quase pronto. Digam a ela que acabou. Que pode enfim deitar-se no chão e esfriar. Que pode seguir para o descanso na luz. Que pode correr para o infinito, para os olhos da filha.

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Comentários

  1. Mexe fundo na gente Nanna.Quantos de nos estamos tecendo sapatinhos e desenrolando seus fios,quando quase no fim!?
    A pandemia acabou de nos tornar ,"sua velhinha de cabeça branca",mas teimo em lutar.
    Bjos

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