Devorem-se a si mesmos

No alto da Terra Brasilis, no meu coração e ao meu lado, duas palavras, permissividade e tolerância, se debatem. Se combatem e se confundem nos corações cheios de ódio do meu povo. Porque fomos e somos permissivos. Porque toleramos o intolerável. É histórico. Toleramos violências, abusos, demais. Assim a tolerância deixa de ser civilizatória e torna-se permissividade barbarizante. Deixamos falar, deixamos roubar, deixamos bater e o elástico já foi esticado demais. Deformou-se. Perdemos a noção do inegociável. Desta dor, tristemente, nasceram carrascos da tolerância cheios de razão. E qualquer negociação com o lado de lá tornou-se criminosa. E qualquer palavra do inimigo tornou-se veneno. Tudo virou duelo e estamos autorizados pela mágoa a atirar primeiro ou atirar o mais rápido possível. Refletir virou luxo dentro da trincheira. E nós (todos nós) que fomos e somos permissivos historicamente com abusadores, estamos autorizados enquanto vítimas a alguma intolerância com o difere...