Torturante Dezembro
Torturante dezembro de qualquer ano: mês de rituais festivos obrigatórios, compromissos, retrospectivas, expectativas, mês do fim das coisas e da minha chegada ao mundo. Família reunida, uva passa, peru com farofa, presentes... E eu emborcada no meu estranhamento. Sobrevivo ao Natal sem grandes performances: comporto-me bem à mesa falando futilidades, bebo vinho demais, como em excesso para me distrair numa overdose dos sentidos. Tento dormir cedo. Frustro minha filha que quer receber o presente à meia noite. Tenho a meu favor o fato de ter montado a árvore com seus enfeites e luzinhas, também comprei presentes para os mais amados e encomendei a ceia. Minha filha me perdoa e fujo para as profundezas do lençol. Venço a primeira etapa e sigo para o segundo round: meu aniversário. Que criatura abominável se esconderia no próprio aniversário? Sim, estarei na estrada como quase sempre ou em algum lugar simplesmente longe. Aquele climão de fim e eu com este encargo de renascer. Dou meia v...