Acabou o Raso

Esculturas de Jason deCaires Taylor Desculpe-me, não sei se é a idade, mas sou daquelas pessoas que se afogam no raso. Não me chame para o raso. Até as pequenas coisas, como aquela flor mixuruca que brotou ali entre os blocos de cimento no meio fio, carregam um abismo de significado e beleza. Se você estiver afim de ver. Se você não estiver com pressa, como sempre. Verdade, para se aventurar em novas camadas você precisa de tempo, de silêncio, de foco, de menos. Senão, amigo, viramos surfistas da superficialidade. Falando de grandes transformações que precisam do mergulho com os tornozelos molhados pela água da margem. Gritando para os coitados, que se afogam neste tempo de grandes dores, confortáveis e cheios de conteúdo, lá na margem. E isto não serve mais. Então, tenho que informar-lhe: a casa caiu, o bicho pegou, não me chame para o raso. Faz meio século que me sentei na cadeira desta escola chamada mundo, não posso mais dar desculpas para ficar com você na superfície. Fingind...