O Pequeno Príncipe e a Cobra
Eu tenho 16 anos. Tinha. Estou morta. Enforquei-me no banheiro da casa dos meus pais. Escrevo aqui através dos dedos de minha mãe. Eu nunca escrevi bem, deu-me um trabalho grande minha carta de despedida que reescrevi muitas vezes e, mesmo assim, sei que ficaram erros perdidos em algumas linhas. Esperei que o coração de minha mãe se acalmasse um pouco, então pedi a ela que me emprestasse seu dom uma vez para que eu dissesse a todos vocês que choraram e choram, que se assustaram, que ficaram perplexos, que perderam o chão: morrer é um direito de quem nasce. Viver não é obrigatório. Viver não é para compreender, é para ser bom. E para ser suficientemente bom, em algum lugar tem que bastar estar vivo. Sem enfeites, penduricalhos, sem fazer nada, sem ter nada... Tirar tudo de cima, mergulhar no vazio, na solidão, no possível e encontrar o prazer de viver, de estar conectado. Quem fica é porque encontra. Morrer também não é para compreender. Muitas teorias sobre minha morte vão caber e nenh...
ok, vc já está me achando obsessiva, mas não aguento, teve uma época em que meus amigos me zuavam: "lá vem ela com 'o ser humano é totalmente adaptável'"... hahahha! era o meu jargão!
ResponderExcluirsim, eu também sou ridiculamente adaptável, mas sou meio patética, porque me revolto internamente, feito uma adolescente rebelde, a minha pressão sobe, eu discuto com o bruta montes que não me esperou atravessar a rua, na faixa de pedestre, mesmo me vendo com o barrigão de 9 meses, xingo o moleque que tentou pegar minha carteira dentro da minha bolsa, mando ir tomar no cú o cara que passou na minha frente na fila preferencial ignorando o meu bebê de colo... e depois fico com medo de apanhar na rua... e continuo vivendo da mesma forma... eu não acredito que podemos mudar o mundo, juro, acho que podemos mudar só a nós mesmos, cada um a si próprio, e só... então, é sábio se adaptar... ou mudar de cidade... mas ainda acredito que serei capaz de me mudar para uma cidade pacata e humana (se isso existir) antes de me tornar totalmente alheia ao mundo que hoje me incomoda tanto... será?...
Querida Safo,
ResponderExcluirSabe que o que vc descreve de maneira tão sagaz, chamamos atualmente de inteligência emocional? Já utilizava algumas de suas técnicas adaptativas e passarei a experimentar outras que vc sugere! Bjs da Eleonora Rosset
Querida, esse ficou tão bonito. O de baixo também, adorei os três segundos entre a gazela e o Gadafi. Beijos. Carlos.
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