
Hoje, de uma pedra, olhei o mar batendo no horizonte. Montão de água esparramada. Em silêncio, encarapitada na pedra, deixei o mar engolir minha cabeça. Eu tenho desde criança esse sonho: ser engolida pela natureza. Birutice. Nos momento de cansaço me controlo para não deitar na terra e me cobrir de folhas secas. Cheirar a terra feito cocaína. Eu sou tomada por estes delírios de fusão com o planeta. Só contemplá-lo, já me recodifica. Ficar olhando a copa da árvore no contra luz do sol, a dança dos galhos no vento, folhinha que despregou de lá e veio rodando forrar o chão. Pronto, o cordão umbilical entre o eu e a árvore foi reestabelecido e converso com ela sem palavras. Sim, os loucos falam com árvores e bichos e sabem que o mar está vivo, e nos observa. O mar olha a mulher de preto com sua mochila nas costas aboletada na pedra e sente saudades dela. Sabe que está fugida do mundo civilizado e logo irá mergulhar no resort atrás de si rumo ao seu trabalho. É o que ela faz. O que faço. Apresso-me em direção às minhas funções sociais, não me levaram ali para ficar vendo mar. O caminho é um corredor entre as árvores, um abraço verde. Corro para a plenária onde um evento borbulha. Um dia eu volto de vez para ficar e me dissolvo nisto. Terei morrido, pensarão, mas eu sei que estarei lá.
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