O Pequeno Príncipe e a Cobra
Eu tenho 16 anos. Tinha. Estou morta. Enforquei-me no banheiro da casa dos meus pais. Escrevo aqui através dos dedos de minha mãe. Eu nunca escrevi bem, deu-me um trabalho grande minha carta de despedida que reescrevi muitas vezes e, mesmo assim, sei que ficaram erros perdidos em algumas linhas. Esperei que o coração de minha mãe se acalmasse um pouco, então pedi a ela que me emprestasse seu dom uma vez para que eu dissesse a todos vocês que choraram e choram, que se assustaram, que ficaram perplexos, que perderam o chão: morrer é um direito de quem nasce. Viver não é obrigatório. Viver não é para compreender, é para ser bom. E para ser suficientemente bom, em algum lugar tem que bastar estar vivo. Sem enfeites, penduricalhos, sem fazer nada, sem ter nada... Tirar tudo de cima, mergulhar no vazio, na solidão, no possível e encontrar o prazer de viver, de estar conectado. Quem fica é porque encontra. Morrer também não é para compreender. Muitas teorias sobre minha morte vão caber e nenh...
Nunca um texto caiu tão bem ... neste sábado falei eu numa conversa "aquele preto" e o Afonso, que vc conhece, me perguntou preto ou negro ? E dai segiu a prosa sobre o POLITICAMENTE correto.
ResponderExcluirCoincidência ou não, lembrei imediatamente da minha mãe amada. Que nunca falava negro e se referia a todos os afrodescendentes com um carinho enorme que carregava na palavra pretinho! Viva mamãe na sua infinita sabedoria.
Manda mais texto e mais idéia e mais provocação ... bjo
Senhorita, o preconceito é maior de quem acha que é alvo dele. Por que as faxineiras da empresa baixam a cabeça quando passam por mim, se eu gostaria de dar bom dia, como dou para meu chefe? É.
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