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Viagem

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Há dias em que todos os semáforos estão abertos: o carro flui magicamente. Os outros saem da frente e o mar se abre como se fossemos Moisés. Nada é pesado demais, nada é longe demais, nada é demais. Os fantasmas estão distraídos brincando no playground. Se sabem amados. Nada te arrasta, nem o medo, nem a esperança... porque amanhã não existe. Só esta rua e este destino próximo de uma coisa besta para fazer como chegar em casa. Nem mundo, nem gente pra consertar. Só o meu caminho único e seus desconhecidos. Nenhuma grandeza a buscar, nenhuma fragilidade da qual fugir. Apenas o carro andando e parando e andando de novo rumo a um lugar efêmero, um galho onde pousar. E esta imediata gratidão pela possibilidade do pouso, pelo acolhimento eterno do mundo estrada afora, pelas pousadas delicadas que muitas vezes escolhemos não ver. Hoje, todos os semáforos estavam abertos quando entendi que não estava indo a lugar nenhum. E, no vazio onde boiava, senti que nunca estive só. Uma preciosidade est