Afogava irritada e impotente em meu criativo quando explodiu feito Alien do meu peito e alastrou-se em mim, feito Maria-sem-vergonha, a fazeção. Quero fazer. Não vim ao mundo para botar ovo, vim comer omelete. Quero fazer. Não estou interessada em evolução psicoespiritual que não se materialize em obras e ações. Minha questão não é mais ser ou não ser. Já fucei o ser demais, já nasci e morri demais, já mudei o cabelo demais, e sou. Sou isto aí que está e que ainda muda um pouco. Os existencialistas que me engulam: sou para fazer. Chega de pensar na cor da casa, chega de calcular o número de latas, chega de forrar o chão com jornal: eu quero a tinta encharcando o pincel e escorrendo pela parede. Já rodei muito a lâmpada porque uma titica de um reflexo estaria comprometendo o enorme plano sequência de uma possível realização. Então o destino me enterrou sob uma avalanche de filhos e empregadas e trabalho e bichos de estimação e babás e casa e carros. E eu não podia mais me dar ao...