Pequenos Homens e Sua Obras
Nos acostumamos ao fedor. Pobre povo desprovido de indignação proativa. Povo manso, encabrestado. Dividimos entre nós a praga da baixa autoestima. No nosso jardim, todo mundo pode fazer coco. Olho pela janela: meu girassol cagado por um deputado, um senador, um ministro corrupto. Dou um suspiro magoado e vou pegar minha pazinha de lixo, jogar aquela merda em outro lugar. Amanhã ou depois o nobre político virá baixar suas calças e deixar mais uma de suas obras em cima das minhas margaridas. No caminho, pisará nas delicadas sempre-vivas. E ele nem se dá mais ao trabalho de vir incógnito à noite. Porque para o filho da puta eu, meus filhos, minha casa, minha cidade, o tal público, existe para saciar seus instintos primitivos de macaco recente que são meter a mão, comer e botar pra fora. Depois de aliviado, como sempre, ele limpará o traseiro na minha apatia e seguirá feliz para o jardim do vizinho. Eu, para não passar atestado total de vaso sanitário, já que pertenço à elite intelect...