Eu desejo que amanhã nossos filhos sejam políticos. Estes a quem estamos ensinando a não tergiversar com a verdade, a não amolecer com o respeito, a ter autoestima. Que eles inaugurem uma nova era no Brasil: daqueles que se amam e são alérgicos à espertezas esfomeadas. Melhores que a minha geração que se acostumou com a violência da imoralidade, que suporta diariamente sanguessugas de terno nas empresas, nos governos, onde há poder, onde se pode mudar o futuro, onde se sabota o futuro. Eu sonho que nossos filhos não vão carregar esta herança de desamor. Eles serão chatos, intolerantes. Não negociarão um milímetro de espaço com coleguinhas bandidos, com patrõezinhos gananciosos, com empresinhas canibais. Carregarão uma autoestima tão imensa que não aceitarão nada menos do que um país justo onde se possa caminhar sem ficar desviando da merda. Não mais a pobreza interior de velhos bigodudos de cabelo pintado que só querem o seu, a sua parte, a quem nada basta para aplacar a misé...