Celina e Malala

Estou lendo com minha filha de onze anos a história de Malala: menina paquistanesa que levou um tiro na cabeça por insistir que as mulheres tivessem o direito de ir à escola. No começo do livro ela está com a mesma idade de Celina. Vejo o rosto de minha filha endurecer enquanto os olhos deslizam pelas páginas. O lobo mau deixou de ser uma figura pictórica na imaginação: o nome dele é ser humano. Crueldades acontecem no mundo real. Somos nós que as promovemos. Pior, não nos achamos maus como o lobo, atiramos na cabeça de uma criança em nome de Deus. Respiro aliviada de que Celina não tenha nascido no vale do Swat sob a dominação do Talibã. É educada para ser livre, exigir respeito, ser tratada de forma igualitária. Nada no ser mulher a inferioriza ou autoriza contra si qualquer violência. Pode andar vestida como quiser. Pode brincar com meninos. Pode ler. Pode dizer não. Mas agora sabe que há outras Celinas no mundo escravizadas e violentadas pela estupidez dos homens. Meninas que tê...