Meu velho e minha velha

Escultura Tatiana Franchi Ele está virando um senhor. Os cabelos escuros desaparecendo sob os brancos. Está ficando a cara do pai, prenúncio do velhinho que será daqui uns dez, quinze anos. Vamos lado a lado, testemunhando a metamorfose um do outro. As rugas que abismam, as barrigas que vão avançando, os ouvidos moucos, as picuinhas e manias que assomam. Meu homem está virando meu velho. A maturidade conquistada nos esbarrões, autorizou o riso mútuo diante das nossas limitações e esquisitices. Já sabemos calar as coisas que não precisam ser ditas. Já sabemos o que não esperar, o que não pedir. Vamos juntos vendo a pele e os músculos arriarem enquanto a condescendência se fortalece. E acho bonito o velho que vai chegando nele. Com o grisalho, veio uma camadinha de serenidade que lhe caiu muito bem. É meu cúmplice firme e, do seu jeito, meu porto seguro. Sabe ser piloto e coadjuvante. E também é o cão chupando manga de mau humor. E ronca. Ele está virando um senhor e penso que é mai...