Nem Malditos, Nem Assalariados

Amiga, sejamos o possível agora e não mais a enganosa proposta de ser. Há quanto tempo a meta fria vem nos distraindo dos arrepios viáveis do existir? A meta, carregamos eu e você, feito mala de palhaço. Meta para nós é sólido feito um poema. Rasga a análise da consultoria, a pesquisa do Ibope, as diretrizes do sucesso no esquema pós-pós-pós-moderno. São como água benta e banho de luz: só funcionam para quem crê. Olha os artistas adaptados, olha os filmes sem alma, olha as peças de teatro burocráticas, olha os atores e diretores e autores funcionários públicos. Não pagam direito as contas, nem cravam as unhas nas costas da história. Nem malditos, nem assalariados. Olha este meio do caminho de merda. Vê nosso esforço ridículo para fazer a arte que agrada ao ministro, ao gerente de marketing, à dona de casa, à classe C. Vê os projetos pasteurizados e mentirosos que inventamos e onde tentamos esconder, feito parasita, um tiquinho do nosso jeito de amar a vida. Vê como não existe águ...