Renda de Bilro
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Sentada num café no centro velho de São Paulo, vejo o povo brasileiro que zanza por calçadas exíguas e esburacadas à minha frente. Gente feia. Bando de vira-latas. O centro de São Paulo é um mostruário do Brasil que quero evitar. Gente burra. Comedores de programas rasos de TV cheios de violência e pornografia. Zanzam feito baratas do lado de lá do vidro do café. A cortininha branca com rendas de bilro na janela de vidro confere um certo charme intelectual à minha observação. Gentinha. Eles são culpados da minha infelicidade. Não leem, não vão ao teatro... povinho sem educação. Por causa deles eu não posso ser a artista sensível e profunda e culta e refinada que sou. Porque os filhos da puta me ignoram, me deixam à míngua, me trocam por qualquer peituda pelada que role numa piscininha de plástico cheia de espuma. Eu que li tanto, que me preparei tanto. Graças a Deus existe esta cortininha branca de renda de bilro e esta janela grande de vidro dando um ar de Paris em tudo ...