Às compras?
Preciso comprar umas coisas. Umas coisas essenciais na minha vida como um outro celular. Sim, este que tenho está arranhado no visor, uma lástima. Sempre que vou atender e olho para o arranhão no visor, percebo o quanto sou infeliz e o quanto preciso comprar alguma coisa do tipo um celular talvez ou qualquer outra coisa. Abro um site borbulhante de produtos e fico ali escolhendo uma droga que me anestesie por um dia ou dois. A chatérrima voz da sanidade me incomoda com suas reflexões ponderadas que informam quanto é minúsculo o arranhão no meu celular. Espanto estas vozes-moscas com a mão. Tiro meu cartão de crédito da carteira, como se fosse uma seringa cheia, e sinto nas células o frisson antes da picada. Alguns toques no teclado e lá se vão meus dados atrás da droga. Estico bem o braço e afundo a agulha do consumismo até o osso. Submirjo no delírio da compensação. Agora posso voltar ao trabalho e ficar lá mais tempo do que quero, aceitando mais do que posso, afinal, em uma semana, t...