Revoluçõezinhas

Na era do excesso de comunicação vejo as grandes revoluções perdidas para manipuladores. Me socorro nas pequenas revoluções diárias: compartilhar conhecimento nas redes sociais, catar lixo no chão, cumprimentar com meu melhor sorriso o velho solitário que caminha pelo parque todas as manhãs, cuidar do outro, estar presente. Minhas micro-revoluções estão a salvo porque são anônimas, invisíveis. Ninguém quer comprá-las ou vendê-las ou colar lantejoulas nelas. Ainda são desinteressantes para o sistema. Não têm bandeira, nem porta voz, nem expectativa de mudar o mundo.  Se bastam na reinvenção pessoal diária, na sensação de integridade, na paz de cada abraço amoroso. No tempo da comunicação fria, vejo valores mortos em hipertextos e falatórios virtuais e me abrigo nos pequenos oásis plantados na realidade cotidiana: a risada inesperada do alto executivo, a história sábia contada pela atendente da padaria, os minutos forjados no caos da agenda para encontrar o amigo. Bolhas de sabão magnéticas, translúcidas, fartas em cores, voando breves no meu cinza... Neste tudo grande demais, raso demais,  pequeno demais.  Abandono o desconforto generalizado e me mudo para a felicidade dos instantes. Com a simplicidade de quem recusa o frio e empurra a cadeira até a nesga de sol.
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Comentários

  1. ENFIM... QDO É QUE EU E VOCÊ PODEMOS SILENCIAR NESSA GRANDEZA? MAS JUNTAS... tALVEZ O SILENCIO AMPLIE! Enfim... Sei também! Que tudo é um convite para o começo de mi...........M.........

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    Respostas
    1. Oi Teka. Estamos juntas de muitas maneiras. Venha sempre. Beijos.

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