Meio Ovo
Nunca está bom. Sempre falta. Olho cheia de inveja para o jacaré no banco de areia no meio do rio. Plácido. Não falta nada. E quando falta é tão simples, tão reto. Mas eu caí na esparrela de vir ser humano. Um bicho cheio de receitas de ser. Para mim falta tudo. Acordo de manhã precisando beber menos, ganhar mais, encontrar o melhor corte de cabelo, fazer algum curso, meditar, respirar usando o diafragma, ser mais positiva, comer mais ovo, comer menos ovo, comer meio ovo, comer dois ovo, não errar o plural de ovo. Estou sempre errada, inadequada, devendo. Não consigo simplesmente apoiar a barriga no banco de areia e olhar o céu. A barriga que apoio no banco de areia é grande demais, é flácida, é um corpo estranho plasmado no meu abdome, um continente ou conteúdo psicanalítico que não cala e não me deixa em paz. Não sendo um jacaré, preciso evoluir sem descanso: encontrar minhas sombras, desvendar meus traumas, buscar a iluminação mas, claro, com humildade, não muita humildade que pode ...
Adorei Nanuska. Ter rugas finas ao redor dos olhos às vezes incomoda, e muito, mas nos traz esta serenidade. É muito bom ter ombros de veludo, mas também é MUITO BOM ter 43!!
ResponderExcluirTenho me permitido esses olhares também. Uma delícia! E sempre digo que o melhor presente que tenho recebido é dom de envelhecer com sabedoria, corrigindo algumas pequenas bobagens adolescentes!
ResponderExcluirBjo! Bom fim de semana!
Nanna:
ResponderExcluirgostei muito do seu blog!
E sobre ests post, ontem assisti a um filme francês da Mostra (Para Poucos), que discute a relação de casais heterossexuais. São dois casais em que há uma relação aberta entre eles. Parecido com o tom q vc leva aqui no post. Se puder assistir, vale a pena.
bjs
Maurício
Mellone