Meio Ovo
Nunca está bom. Sempre falta. Olho cheia de inveja para o jacaré no banco de areia no meio do rio. Plácido. Não falta nada. E quando falta é tão simples, tão reto. Mas eu caí na esparrela de vir ser humano. Um bicho cheio de receitas de ser. Para mim falta tudo. Acordo de manhã precisando beber menos, ganhar mais, encontrar o melhor corte de cabelo, fazer algum curso, meditar, respirar usando o diafragma, ser mais positiva, comer mais ovo, comer menos ovo, comer meio ovo, comer dois ovo, não errar o plural de ovo. Estou sempre errada, inadequada, devendo. Não consigo simplesmente apoiar a barriga no banco de areia e olhar o céu. A barriga que apoio no banco de areia é grande demais, é flácida, é um corpo estranho plasmado no meu abdome, um continente ou conteúdo psicanalítico que não cala e não me deixa em paz. Não sendo um jacaré, preciso evoluir sem descanso: encontrar minhas sombras, desvendar meus traumas, buscar a iluminação mas, claro, com humildade, não muita humildade que pode ...
Ei Nanna! Aqui é o Thiago Tenório, marido da Débora Gomez, seu ex-brevíssimo-assistente, rs. Enfim, tenho que parar de ficar me reapresentando.
ResponderExcluirCara, que genial essa crônica! Eu e Débora ficamos debatendo sobre isso aqui. Me marcou principalmente: estou ameaçando umas voltas pela rua sem ele, caminhadas até a padaria, incomunicável.
Será que conseguiremos desintoxicar?
Muito legal seu blog, virei mais vezes!
Abração!
Muito boa idéia esta de ficar "incomunicável"...
ResponderExcluirVou tentar algumas vezes.
Já senti esta síndrome da incomunicabilidade quando das caminhadas na praia do Forte S.João, onde celular não "pega" - hahaha!
Vou seguir sua sugestão...
Vou ficar mais tempo sem Êle!
Bjs do seu primo do Rio.
É isso mesmo. É possível viver sem ele. E sem eletrônicos. Já testei por dias, ficar sem celular e sem internet (que adoro e sou viciada) e o mundo não desabou. Nem o profissional nem o emocional, ou o familiar. Precisamos reaprender a nos desapegar das coisas, perder mal hábito, sermos mais gentis e educados. Se rehabituar a pensar antes de responder. Mesmo que seja somente às vezes.
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