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Mostrando postagens de dezembro, 2009

Para Letícias

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Outra vez o homem errado. Letícia baixou a tampa do vaso sanitário e sentou-se aos prantos. O banheiro minúsculo do bar e o cheiro de mijo faziam aquele pé-na-bunda ainda mais decadente. Tentou segurar o choro, lá fora uma fila de mulheres esperava, mas não conseguiu. Foda-se, de vez em quando se permitia uma lamazinha básica. Sai dessa lama, Letícia. Brincava a irmã mais velha, muito bem casada mãe de família. É lama de Araxá, retrucava sorridente. Mas doía. Aos 34 anos estava cansada de não acertar. As esperanças de casamento, filhos, família escorriam entre seus dedos. Outro dia havia assistido na TV uma matéria assustadora sobre o cromossomo Y. Estaria se extinguindo, acabando. Os americanos, sempre os americanos, já estavam até fazendo um banco de ipsilons. A humanidade angustiada e auto-destrutiva cometia um suicídio genético. Em breve, pensou Letícia, seremos milhões de mulheres, milhões de espelhos solitários, milhões de buracos sem tampa, vagando desorientadas sobre a Terra.

A Hora do Sim

As esposas de hoje, pobrezinhas Não são tão antigas para serem felizes Nem tão modernas para serem sozinhas * * *